Código genético não é universal e pode evoluir em raros casos
Um dos maiores dogmas da Biologia afirma que todos os seres vivos utilizam o mesmo código genético, ou seja, usam regras idênticas para construir proteínas. É nesta declaração que surge uma contradição, segundo explicou Manuel Santos, investigador do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro (UA).
Um consórcio internacional liderado por investigadores do Broad Institute – Instituto conjunto da Universidade de Harvard e do MIT – que integra um grupo de investigadores da UA e do seu Laboratório Associado, o Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), publica um artigo na revista «Nature» com os resultados de um estudo que apresenta a sequenciação e anotação dos genomas de oito fungos patogénicos.
A investigação mostra como oito fungos patogénicos interagem com o sistema imunitário e como causam infecção, revelando, ainda, características fundamentais dos seus genomas que permitem compreender a sua ecologia, mecanismos de reprodução e adaptação.
“Muitas vezes, o código genético é confundido com o genoma, mas são diferentes”, relembra Manuel Santos. O investigador assinala ainda ao «Ciência Hoje» que “o primeiro corresponde a um conjunto de regras bioquímicas que define como a informação contida no DNA é traduzida para a que está contida nas proteínas”.
O artigo explica como é possível alterar o código genético e é aqui que surge uma violação desse dogma da Biologia, ou seja, uma das teorias desta ciência “diz que o código genético é universal, não pode evoluir e caso aconteça poderá ser letal, mas este estudo invalida esta afirmação”, reiterou o investigador da UA.
No código genético, a informação distribui-se num conjunto de três letras ao qual se chama codão e, por exemplo, o CTG é lido como leucinas (células que lêem as proteínas) e “se houver uma troca altera-se o significado, tal como num texto”.
Casos raros
No entanto, Manuel Santos assinala que “acontece apenas em casos raros” e “levanta muitas questões”. As proteínas quando sintetizadas “são alteradas”. Por exemplo, nas células humanas verificam-se dois genomas: “o nuclear, que contém todos os genes que nos formam e o mitocondrial, muito mais pequeno e onde se pode observar uma alteração ao código genético, embora diferente da dos fungos”, refere.
Estes escassos casos são mais comuns em Mitocôndrias (um dos organelos celulares mais importantes para respiração celular) dos eucariotas (organismos cujas células têm núcleo definido).
Para o docente da UA, esta alteração não é novidade, mas sim o facto de se poder explicar a forma como evolui. “Para entender este código químico é necessário conhecê-lo, tal como um código Morse ou Braille”.
A análise dos fungos em estudo relevou que os codões CUG, que no código genético dos outros seres vivos codificam o aminoácido leucina, alteraram a sua identidade para o aminoácido serina. Os resultados mostram que 99 por cento dos codões CUG originais desapareceram destes genomas e que reemergiram em novas posições nos genes com um significado diferente. Por último, o estudo revê o catálogo dos genes do principal fungo patogénico Candida albicans, identificando inúmeros genes novos.
O artigo publicado reporta os fungos do género Candida como sendo a maior causa de infecções fúngicas oportunistas a nível mundial, fala das sequências dos genomas de oito espécies e compara-os destacando os patogénicos e não patogénicos.
Nos primeiros existe uma expansão significativa no número de genes que codificam componentes das paredes celulares e de proteínas excretadas, bem como de outras proteínas envolvidas no transporte de nutrientes do meio ambiente para o interior das células, o que sugere adaptações associadas à patogénese nestes fungos.
“Em três das espécies diplóides grandes regiões do genoma são homozigóticas, sugerindo recombinação recente dos seus genomas. Surpreendentemente, em algumas das espécies não foi possível encontrar vários dos componentes que controlam o mecanismo de divisão celular, o que levanta novas questões sobre a maneira como estes fungos se produzem”, pode ler-se no artigo.
Um consórcio internacional liderado por investigadores do Broad Institute – Instituto conjunto da Universidade de Harvard e do MIT – que integra um grupo de investigadores da UA e do seu Laboratório Associado, o Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), publica um artigo na revista «Nature» com os resultados de um estudo que apresenta a sequenciação e anotação dos genomas de oito fungos patogénicos.
A investigação mostra como oito fungos patogénicos interagem com o sistema imunitário e como causam infecção, revelando, ainda, características fundamentais dos seus genomas que permitem compreender a sua ecologia, mecanismos de reprodução e adaptação.
“Muitas vezes, o código genético é confundido com o genoma, mas são diferentes”, relembra Manuel Santos. O investigador assinala ainda ao «Ciência Hoje» que “o primeiro corresponde a um conjunto de regras bioquímicas que define como a informação contida no DNA é traduzida para a que está contida nas proteínas”.
O artigo explica como é possível alterar o código genético e é aqui que surge uma violação desse dogma da Biologia, ou seja, uma das teorias desta ciência “diz que o código genético é universal, não pode evoluir e caso aconteça poderá ser letal, mas este estudo invalida esta afirmação”, reiterou o investigador da UA.
No código genético, a informação distribui-se num conjunto de três letras ao qual se chama codão e, por exemplo, o CTG é lido como leucinas (células que lêem as proteínas) e “se houver uma troca altera-se o significado, tal como num texto”.
Casos raros
No entanto, Manuel Santos assinala que “acontece apenas em casos raros” e “levanta muitas questões”. As proteínas quando sintetizadas “são alteradas”. Por exemplo, nas células humanas verificam-se dois genomas: “o nuclear, que contém todos os genes que nos formam e o mitocondrial, muito mais pequeno e onde se pode observar uma alteração ao código genético, embora diferente da dos fungos”, refere.
Estes escassos casos são mais comuns em Mitocôndrias (um dos organelos celulares mais importantes para respiração celular) dos eucariotas (organismos cujas células têm núcleo definido).
Para o docente da UA, esta alteração não é novidade, mas sim o facto de se poder explicar a forma como evolui. “Para entender este código químico é necessário conhecê-lo, tal como um código Morse ou Braille”.
A análise dos fungos em estudo relevou que os codões CUG, que no código genético dos outros seres vivos codificam o aminoácido leucina, alteraram a sua identidade para o aminoácido serina. Os resultados mostram que 99 por cento dos codões CUG originais desapareceram destes genomas e que reemergiram em novas posições nos genes com um significado diferente. Por último, o estudo revê o catálogo dos genes do principal fungo patogénico Candida albicans, identificando inúmeros genes novos.
O artigo publicado reporta os fungos do género Candida como sendo a maior causa de infecções fúngicas oportunistas a nível mundial, fala das sequências dos genomas de oito espécies e compara-os destacando os patogénicos e não patogénicos.
Nos primeiros existe uma expansão significativa no número de genes que codificam componentes das paredes celulares e de proteínas excretadas, bem como de outras proteínas envolvidas no transporte de nutrientes do meio ambiente para o interior das células, o que sugere adaptações associadas à patogénese nestes fungos.
“Em três das espécies diplóides grandes regiões do genoma são homozigóticas, sugerindo recombinação recente dos seus genomas. Surpreendentemente, em algumas das espécies não foi possível encontrar vários dos componentes que controlam o mecanismo de divisão celular, o que levanta novas questões sobre a maneira como estes fungos se produzem”, pode ler-se no artigo.
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