LusoExpedição OLYMPUS 2008
Figura 1 – Mapa do Atlântico Nordeste com as curvas batimétricas do Banco de Gorringe (no centro) e o Arquipélago da Madeira (em baixo)
Nesta Cordilheira encontram-se também outros bancos conhecidos, como é o caso do Banco de Ampère e do Banco de Josephine. O Banco de Gorringe encontra-se localizado a Sudoeste do Cabo de São Vicente, a uma distância de cerca de 200 Milhas náuticas (Latitude N 36º 32' Longitude W 011º 33'), a meio caminho entre Portugal Continental e o Arquipélago da Madeira.
Alguns destes picos, encontram-se hoje a uma profundidade relativamente baixa, sendo possível, em muitos deles, o mergulho com recurso a escafandro autónomo. Será este o grande objectivo desta expedição, uma vez que estas “ilhas submarinas” são locais praticamente inexplorados e constituem verdadeiros “oásis de biodiversidade” no meio do Atlântico. A LusoExpedição 2008 será uma missão científica cujo o objectivo principal é a recolha de peixes e invertebrados marinhos nestes cumes submersos. Este ano, as recolhas realizadas pelos investigadores abrangem não só o Banco de Gorringe mas também a Madeira, as Desertas e Porto Santo utilizadas como termo de comparação com os dados do continente. A expedição será organizada por investigadores da Universidade Lusófona de Humanidades de Tecnologias, aos quais se poderão associar investigadores de outras universidades, tal como tem acontecido nos 2 últimos anos. Caso este projecto seja viabilizado existe já o interesse da Universidade do Algarve, da Universidade dos Açores, da Universidade do Porto (CIBIO), da Universidade de Amsterdão e da Universidade Nacional Autónoma do México.
Esta missão vai ser realizada a bordo do Navio de Treino de Mar (NTM) Creoula da Marinha Portuguesa entre os dias 6 e 15 de Junho e os investigadores responsáveis pelo projecto serão acompanhados por cerca de 30 estudantes universitários que terão a responsabilidade de analisar o material recolhido em mergulho.
Este projecto pretende testar duas hipóteses científicas relacionadas com a evolução e colonização da fauna marinha do Atlântico Nordeste, prosseguindo o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido nas expedições anteriores:
1) Como actuaram estes picos submarinos no passado e como actuam agora: como pedras de passagem, ou refúgios intermédios na dispersão da fauna a longa distância?
2) Estarão as populações marinhas ali existentes geneticamente isoladas das de Portugal Continental, Madeira e Açores?
Para testar as hipóteses referidas, levaremos a cabo uma série de metodologias normalmente utilizadas neste tipo de estudos ecológicos:
1) Transectos (linhas de recolha de larvas no plâncton ao longo de todo o percurso);
2) Mergulho com escafandro autónomo que possibilite:
a) seleccionar e recolher algumas espécies modelo;
b) construir uma colecção de referência e descrever novas espécies;
c) estabelecer as actuais relações biogeográficas dos organismos recolhidos utilizando marcadores genéticos apropriados;
d) amostrar cuidadosamente áreas definidas com diferentes povoamentos de organismos bentónicos para estudos ecológicos quantitativos;
e) descrever as comunidades associadas a estes picos;
Todo o material recolhido será triado in vivo a bordo, descrito, catalogado e fotografado. Os exemplares serão então distribuídos pelos investigadores que integram o projecto, de acordo com as suas áreas de especialização e actuais interesses de investigação. Os objectivos de cada equipa são tão diversos como estudar as relações genéticas (DNA) dos organismos recolhidos nestes locais isolados ou purificar e testar alguns dos compostos produzidos por estes organismos, alguns deles com características únicas, ao nível da sua aplicação no desenvolvimento de novos medicamentos ou em potenciais aplicações industriais.
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