A primeira participação portuguesa num Ano Polar Internacional (API), iniciado em Março de 2007, salda-se até agora por um balanço "extremamente positivo", disse hoje Gonçalo Vieira, cientista ligado ao projecto. A colaboração entre países tem sido essencial para o trabalho dos quatro portugueses que trabalham no continente gelado.
Gonçalo Vieira falava horas antes de ser estabelecida no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, uma comunicação telefónica com os investigadores portugueses que se encontram actualmente na Antárctida. "Até 2007, quando começou o API, só havia colaborações esporádicas de portugueses na investigação polar, e muito pouca massa crítica", afirmou. "Neste momento, com a formação de jovens investigadores, e com o apoio do governo, estão criadas as raízes para podermos realizar um programa polar com continuidade", sublinhou.
O cientista referiu a importância da colaboração existente com cientistas de países que dispõem de infra-estruturas na zona, como navios ou bases logísticas, e admitiu que "dentro de dois ou três anos poderá ser possível ter condições para uma presença mais continuada, através de o envio de um navio ou de um voo, ou da montagem de um acampamento português".
Quatro portugueses no continente gelado
Integrados em equipas internacionais, estão neste momento a trabalhar no continente gelado quatro portugueses, afirmou. Um deles é José Xavier*, professor do Centro de Ciências do Mar, da Universidade do Algarve, que desde finais de Dezembro e durante dois meses participa num cruzeiro britânico de biologia marinha na região entre a Geórgia do Sul e a Antárctida.
Os outros três são estudantes de mestrado orientados por Gonçalo Vieira, que estão envolvidos em três campanhas diferentes destinadas a avaliar a influência das alterações climáticas no solo gelado (Permafrost).
Trata-se de Raquel Melo, a fazer cartografia geomorfológica na ilha de Deception com a campanha argentina, Vanessa Batista na Ilha de Livingstone, que trabalha em perfuração e geofísica com a campanha espanhola, e Alexandre Trindade, também a participar em perfurações com a campanha búlgara, precisou.
Os dados obtidos, acrescentou, são enviados para uma rede mundial de monitorização das temperaturas do solo gelado que os utiliza nos modelos climáticos da Organização Meteorológica Mundial.
Devido à diferença das estações do ano, quando é Verão na Antártida é o Inverno no Árctico. Por isso se desenvolve agora a temporada na Antártida. Quando começar o verão no Árctico, várias investigadores portugueses integrarão igualmente equipas científicas internacionais nesta zona polar.
O Ano Polar Internacional, que decorre até Março de 2009, é um programa científico e educativo centrado no Árctico e na Antárctida que envolve milhares de investigadores de mais de 60 países, entre os quais 15 cientistas portugueses de nove centros de investigação e universidades. O objectivo é diagnosticar a situação ambiental actual das regiões polares e aprofundar o conhecimento das alterações ambientais e sociais nelas ocorridas para melhorar as projecções das alterações futuras.
O programa tem uma vertente educativa, a que foi dado o nome de Latitude 60, patrocinado pela Agência Ciência Viva, cujo objectivo principal é educar e sensibilizar as gerações mais jovens sobre as regiões polares e mostrar-lhes a sua importância para a dinâmica e regulação climática do planeta.
Texto retirado deste site*O BioCEL aconselha uma visita ao
Blog de José Xavier