domingo, 9 de dezembro de 2007

Quantidade de sardinha pode diminuir em Portugal devido à redução de plâncton

A quantidade de plâncton na costa portuguesa está a diminuir por causa das alterações climáticas e esse decréscimo poderá também conduzir à redução das comunidades de peixe nomeadamente da sardinha, que ficará sem alimento.


O biólogo marinho Carlos Mendes está a terminar a tese de doutoramento entre Plymouth (Inglaterra) e Faro sobre as alterações das comunidades planctónicas nos últimos 50 anos e registou uma diminuição da quantidade de plâncton na costa portuguesa.

A causa da diminuição do plâncton poderá estar relacionada com as alterações climáticas.

O especialista português disse à agência Lusa que analisou dados de uma série temporal de plâncton que vai de 1958 a 2005, desde a fronteira com a Galiza até Lisboa, depois fez uma relação com os dados de todo o Atlântico Norte e nas conclusões preliminares registou uma quebra na produção de plâncton.

Uma quebra na produção de plâncton - composto por fitoplâncton (microplantas) e zooplâncton (seres marinhos microscópicos) - significa uma diminuição de alimento para os peixes juvenis.

O plâncton, além de ser a base da cadeia alimentar no mar, é um "bom indicador para nos informar sobre as alterações climáticas, por ter um período de vida muito curto e uma amplitude muito pequena de tolerância às alterações climáticas, denunciando de imediato qualquer mudança".

A crise de plâncton na costa portuguesa poderá repercutir-se na quantidade de sardinha, assim como de todos os peixes juvenis que se alimentam de plâncton e, por sua vez, terá consequências em toda a cadeia alimentar marinha, esclareceu o investigador da Universidade do Algarve.

O estudo, que se baseia na recolha de amostras realizadas por um mesmo aparelho, o 'CPR' (Continuous Plankton Recorder), desde 1958 no Atlântico Norte e que foi desenvolvido por um cientista britânico chamado Alister Hardy, conclui ainda que está a registar-se a substituição de espécies existentes, por outras espécies de águas mais quentes.

As causas são, mais uma vez, as alterações climáticas globais que provocam o aumento de temperatura das águas.

Um aumento da proliferação de algas tóxicas causadoras de marés vermelhas, responsáveis pelo fecho da apanha de bivalves, é outra das conclusões a que chegou o doutorando Carlos Mendes, que está em fase de redacção da tese intitulada "Long-Term Time Series from the Continuous Plankton Recorder Survey Off the Portuguese Coast" (Série Temporal de Plâncton da Costa Portuguesa).

Texto retirado deste site

0 Pareceres Científicos: