sábado, 2 de fevereiro de 2008

LusoExpedição ganha prémio científico internacional do CenSeam

Lusoexpedição

A LusoExpedição é uma missão científica e pedagógica, organizada anualmente pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. O objectivo que faz alunos, professores e investigadores partir em expedição pelo Atlântico é a recolha de organismos marinhos, essencialmente peixes e invertebrados, com intuito de esclarecer os padrões de colonização das ilhas e montes submarinos ao longo do Atlântico, nunca esquecendo a vertente pedagógica inerente a um projecto desta natureza.
Em 2006 o destino da Expedição foram os cumes submersos de Gettysburg e Ormonde no Banco Gorringe a 200 km Sudoeste de Portugal continental, a meio caminho para o Arquipélago da Madeira. Estas “ilhas submarinas” são locais praticamente inexplorados e constituem verdadeiros “oásis de biodiversidade” no meio do Atlântico. Já em 2007 o destino foi o arquipélago dos Açores onde a recolha de organismos ocorreu ao largo da Ilha de Santa Maria, Banco Dollabarat e Ilheús das Formigas. Em 2008 a organização da expedição planeia deslocar-se ao Arquipélago da Madeira.



Montes submarinos

Um monte submarino é uma montanha que se eleva do fundo do oceano sem atingir a sua superfície. Os montes submarinos são na grande maioria de origem vulcânica, e prevê-se que existam mais de 100.000 com mais de 1 Km de altura (relativamente ao fundo do oceano) e muito mais com dimensão inferior. Os montes submarinos devido ao seu isolamento no oceano, são locais privilegiados com possibilidade de grande número de endemismos, podem ser locais de especiação de espécies. São ecossistemas frágeis que devem ser preservados, pelo seu carácter único, e são locais com importância relevante no sector das pescas, pois são zonas com grande produção e ainda pouco exploradas. Durante vários milhares de anos, o nível médio das águas do Oceano Atlântico estava aproximadamente 100-120 m mais abaixo do que se encontra actualmente, o que fazia com que muitos dos bancos submersos que hoje encontramos no Atlântico estivessem outrora emersos. Muitos autores nos dias de hoje colocam a hipótese que os montes submersos e ilhas do Atlântico tenham sido pontos de passagem para diversos organismos na longa viagem de colonização de ilhas tão distantes como as pertencentes ao arquipélago dos Açores. Os montes submarinos ganham por isso a maior relevância quando se pretende estudar o padrão de colonização seguido pelas espécies.
A unidade de investigação que na Universidade Lusófona se dedica ao estudo da dispersão das espécies e colonização no Atlântico pretende estudar:

- Como actuaram estes montes submarinos no passado e como actuam agora? Como pontos de passagem ou como refúgios intermédios na dispersão de longa distância?
- Estarão as populações marinhas ali existentes geneticamente isoladas das de Portugal continental, Madeira e Açores?



CenSeam

Relativamente poucos montes submarinos tem sido estudados, apenas em 350 foram efectuadas amostragens, e em menos de 100 a amostragem esta foi efectuada com detalhe. A uma escala global a biodiversidade destes locais é pouco conhecida. A inversão deste panorama motivou em 2005 a criação do programa CenSeam - Global Census of Marine Life on Seamounts, cuja missão é determinar o papel dos montes submarinos na biogeografia, biodiversidade, produtividade, evolução dos organismos marinhos e ainda a avaliação dos efeitos da acção humana nestes locais. Esta missão pretende criar uma nova era no estudo dos montes submarinos, uma era que junta cientistas de todo o mundo, na procura de respostas para as 2 principais questões:


- Que factores determinam a composição e diversidade nos montes submarinos, incluindo o estudo das diferenças entre os montes submarinos e outros tipos de habitat.
- Quais são os impactos das actividades humanas na estrutura e funcionamento das comunidades que habitam os montes submarinos.


O programa CenSeam encoraja cientistas a trabalhar numa rede mundial, de divulgação de dados, incentiva a recolha de novas amostras em montes submarinos, analisa e integra novos dados resultantes das pesquisas mundiais, para divulgar novos conhecimentos. Procura ainda assegurar que as oportunidades de colaboração entre programas é maximizado, consolida e sintetiza dados históricos existentes que até à data não tenham sido analisados e que não sejam do conhecimento da comunidade cientifica sobre os montes submarinos e a sua fauna. Por ultimo financia bolsas de estudo e de incentivo à investigação dos montes submarinos, de forma a expandir o conhecimento das colecções e a sua análise.



Prémio

Foi neste último ponto que a Universidade Lusófona apostou. Propusemo-nos a estudar a fauna de gastrópodes e bivalves marinhos recolhidos no Banco Gorringe – Picos submersos de Gettysburg e Ormonde, no âmbito da LusoExpedição 2006. O programa CenSeam atribuiu assim uma bolsa de investigação à Ex-aluna Monica Albuquerque, que durante 9 meses procederá ao estudo destes animais nos laboratórios da Universidade Lusófona, com a colaboração do Professor Gonçalo Calado e do Investigador José Pedro Borges. Colaborar com um programa de investigação de âmbito mundial constituirá por isso, para todos, alunos e professores desta Universidade mais um motivo de orgulho.




Para informações e actualizações sobre este assunto, podem ser consultados os seguintes sites:
Newsletters:
http://censeam.niwa.co.nz/censeam_news/newsletters
Novas espécies encontradas:
http://censeam.niwa.co.nz/outreach/censeam_creatures
Base de dados Montes Submarinos:
http://seamounts.sdsc.edu/


Monica Albuquerque
Licenciatura em Biologia
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

1 Pareceres Científicos:

João Lourenço Monteiro disse...

Os meus parabéns aos organizadores deste grande projecto que foi a Luso Expedição, aos participantes e em especial para a Mónica Albuquerque.

Joao M.