domingo, 19 de abril de 2009

CONFERÊNCIAS CHARLES DARWIN 1º PAINEL – Biologia Evolutiva






Octávio Mateus

Museu da Lourinhã/Universidade Nova de Lisboa - http://www.museulourinha.org/

RESUMO: "A Evolução na perspectiva da paleontologia"

Os fósseis são um dos melhores testemunhos da evolução pois frequentemente mostram exemplos de organismos já extintos que foram uma etapa no processo de transformação lenta e gradual, cumulativa e adaptativa, não aleatória, a que chamamos evolução.

Excelentes exemplos são dados pelos vertebrados fósseis e pelos dinossauros. A evolução gradual destes animais de corpo reptiliano e sangue frio até às aves de sangue quente que hoje dominam tantos habitats terrestres é exemplificada por milhares de fósseis. É hoje claro que os dinossauros carnívoros terópodes deram origem às aves o que é patenteado por vários fósseis de dinossauros com penas. A origem de outros grupos de vertebrados como os cetáceos, os anfíbios e até os humanos está hoje bem suportada pelo registo fóssil.


Carlos Manuel Varela Bettencourt

Licenciado em Medicina Veterinária pela Escola Superior de Medicina Veterinária de Lisboa, Mestre em Fisiologia da Reprodução pela Universidade do Utah, Logan, EUA e Doutor em Fisiologia da Reprodução pela Universidade do Missouri, Columbia, Mo., EUA. É, entre outros, Responsável pela Gestão do Centro de Experimentação do Baixo Alentejo, Técnico Superior da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo, Professor convidado de Fisiologia Animal e de Reprodução, Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina Veterinária da ULHT e Professor Auxiliar (30%) do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar – Medicina Veterinária (Teriogenologia). Está envolvido em diversos projectos de melhoramento e conservação genética (ex situ e in situ) de raças autóctones das espécies bovinas, ovinas, suínos e caprinos e autor de numerosas publicações na área da produção e fisiologia da reprodução de raças autóctones de espécies pecuárias.

RESUMO: O que Darwin não sabia sobre as espécies pecuárias portuguesas

"One species does change into another"- Darwin, 1837

“It is a truly wonderful fact... that all animals and all plants throughout all time and space should be related to each other.... I can see no explanation of this great fact in the classification of all organic beings; but to the best of my judgment, it is explained through inheritance and the complex action of natural selection." - Darwin, 1859

“I soon perceived that selection was the keystone of man's success in making useful races of animals and plants. But how selection could be applied to organisms living in a state of nature remained for some time a mystery to me.”- Darwin, 1887

Quando Charles Darwin em 1859 publicou pela primeira vez “On the Origin of Species”, assumiu que este trabalho era só o início: "In the distant future I see open fields for far more important researches,". O tempo veio a provar que estava certo e que, embora passados 150 anos, o conteúdo científico da sua obra se mantém relevante. Se atendermos ao facto que o termo “genética” só surge em 1905, 23 anos depois da sua morte, compreendemos a importância do “evolucionismo” na interpretação da biodiversidade fenotípica que caracterizava, à data, as populações animais existentes. Portugal, em termos de animais domésticos, mantém uma diversidade genética considerável, representada por 15 raças de ovinos, 5 de caprinos, 15 de bovinos, 3 de suínos, 4 de equinos, e 3 de galináceos. Estas raças constituem um património único desenvolvido ao longo de séculos. No entanto, e segundo os critérios da FAO, mais de metade das raças nacionais encontra-se actualmente em risco de extinção. À luz do “Darwinismo” a evolução destas espécies seria previsível se não houvesse intervenção do homem: “Man thus closely imitates Natural Selection”. A selecção “humana”, em muitos casos, sobrepõe-se á natural conduzindo ao “abismo” muitos recursos naturais. Inúmeros exemplos se aplicam à realidade portuguesa. Exemplos da responsabilidade do homem na quase extinção de raças bovinas autóctones tais como a Cachena, a Algarvia ou a Garvoneza, ou ovinas como a Campaniça e Merina Preta, ou a da suína Bísara e Malhado de Alcobaça ou das caprinas Algarvia e Serpentina são ilustrativos da teoria preconizada há 150 anos por Charles Darwin.

“Analogy would lead me one step further, namely, to the belief that all animals and plants have descended from someone prototype. But analogy may be a deceitful guide. Nevertheless all living things have much in common” Darwin, 1839.

“That methodical selection has done wonders within a recent period in modifying our cattle, no one doubts”. Darwin, 1868.

As semelhanças fenotípicas que se verificam entre algumas espécies pecuárias da América Latina e da Península Ibérica têm levado a comunidade científica a questionar-se sobre a sua origem. Curiosamente, raças sul americanas tais como a cabra Moxotó, o bovino Caracu, e o porco Nilo, embora apresentem características morfológicas comuns a congéneres ibéricas, esta proximidade, quando medida por com marcadores genéticos, até nem é muito grande. As diferenças poderão ser enquadradas numa teoria “evolucionista”? Terão resultado de um processo de selecção natural e/ou artificial durante 500 anos? Será que a selecção natural/artificial as foi afastando do material de origem? Terá sido um processo de deriva genética, em que uma pequena amostra levada originalmente já não estará representada hoje em dia? As novas biotecnologias actuais permitem responder a algumas das questões deixadas em aberto por Darwin em 1839 na “Voyage of the Beagle”. Muitas no entanto ficam ainda por responder!


Teresa Avelar

Teresa Avelar (n. 1957) obteve em 1979 a Licenciatura em Biologia na Universidade de Norwich, Reino Unido, mas, por não lhe ter sido concedida equivalência em Portugal, tornou a licenciar-se em 1983 na Universidade de Lisboa. Em 1991 obteve o Doutoramento em Biologia na Universidade de Lisboa. Desde então leccionou no Instituto Superior de Psicologia Aplicada (Lisboa) e na Universidade Lusófona. As suas publicações incluem os livros Ecologia das populações e comunidades (1996, Edições Gulbenkian, em colaboração com M.T. Rocha Pité), Quem tem medo de Charles Darwin (2004, Relógio d’Água, em colaboração com M. Matos e C. Rego) e Evolução e Criacionismo – uma relação impossível (2007, Quasi Edições, em colaboração com A. Gaspar, O. Mateus e F. Almada), e Evolução a duas vozes: Darwin e a Evolução, (2009, Bertrand Editora). Ao nível de investigação, colaborou com Margarida Matos em aspectos teóricos relacionados com a adaptação ao laboratório em Drosophila. Os seus interesses são principalmente na área da Evolução e História da Biologia Evolutiva.

RESUMO: Selecção natural e microevolução

Quando Darwin publicou A Origem das Espécies e propôs a selecção natural como principal mecanismo evolutivo, não havia dados empíricos demonstrando directamente a acção da selecção na Natureza. Hoje os exemplos são inúmeros – não só nos casos microorganismos que nós seleccionámos inadvertidamente para maior resistência a antibióticos, como em animais e plantas na Natureza. Iremos detalhar apenas alguns exemplos, escolhidos de modo a ilustrar a importância das contingências na selecção e a diversidade de espécies em que podemos demonstrar a sua acção.

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