Alguns efeitos das alterações climáticas são já irreversíveis
Muitos efeitos nocivos das alterações climáticas são já basicamente irreversíveis e mesmo que as emissões de dióxido de carbono sejam travadas, as temperaturas globais continuarão elevadas até pelo menos ao ano 3000. A advertência é feita por uma equipa internacional de investigadores num estudo publicado na última edição da revista norte-americana PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences). "As pessoas imaginavam que se deixássemos de emitir dióxido de carbono (CO2), o clima voltaria à normalidade em 100 ou 200 anos. Isso não é verdade", afirma a principal autora do estudo, Susan Solomon, da Administração Nacional para os Oceanos e a Atmosfera (NOAA) dos Estados Unidos.
A investigadora define como "irreversível" uma alteração que permaneceria mil anos mesmo se os humanos deixassem imediatamente de lançar carbono para a atmosfera.
A investigadora define como "irreversível" uma alteração que permaneceria mil anos mesmo se os humanos deixassem imediatamente de lançar carbono para a atmosfera.
O estudo é publicado depois de o presidente Barack Obama anunciar medidas para melhorar a eficiência dos combustíveis e a qualidade do ar, com a justificação de que o futuro da Terra depende da diminuição da poluição do ar. Nomeadamente, Obama ordenou o reexame imediato da rejeição pela Administração Bush da decisão da Califórnia de impor normas mais estritas que as federais para reduzir as emissões de CO2 dos automóveis.
Na perspectiva de Susan Solomon, "as alterações climáticas são lentas, mas imparáveis", um argumento mais a favor de uma acção rápida, para que a situação a longo prazo não piore.
A investigadora, pertencente ao Painel Internacional para as Alterações Climáticas da ONU, assinala no estudo que as temperaturas subiram em todo o planeta e que se observam alterações nos padrões de precipitação em áreas em torno do Mediterrâneo, da África Austral e do sudoeste da América do Norte. O aquecimento climático está também na origem da expansão dos oceanos, que deverá aumentar com o degelo na Gronelândia e na Antártida, segundo os investigadores.
"Não creio que tenha sido entendida a escala a muito longo prazo da persistência destes efeitos", sublinha Susan Solomon.
O aquecimento global tem sido até agora travado pelos oceanos, porque a água absorve muita energia, segundo os cientistas, mas esse efeito positivo desvanecer-se-á com o tempo, já que os oceanos acabarão por devolver ao ar o seu calor acumulado, mantendo o planeta mais quente.
O estudo conclui que deixar o CO2 atingir 450-600 partes por milhão (ppm) terá por consequências quebras persistentes de chuva nas estações secas comparáveis à seca do "Dust Bowl" na América do Norte nos anos 1930 em zonas como o sul da Europa, o sudoeste da América do Norte, a África Austral e a parte ocidental da Austrália.
Esta diminuição de precipitação, que persistirá durante vários séculos, terá consequências diferentes segundo as zonas geográficas, desde a diminuição da água disponível a uma maior frequência de fogos, alterações de eco-sistemas e maior desertificação, conclui.
Os outros autores do estudo são Gian-Kaspar Plattner e Reto Knutti, do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, com sede em Zurique, e Pierre Friedlingstein, do Instituto Nacional de Investigação Científica, em Gif-sur-Yvette, França. A investigação foi apoiada pelo Gabinete de Ciência do Departamento da Energia dos Estados Unidos.
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