quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Esponja marinha pode ser solução para tratar malária cerebral e cancro

A plataforma tecnológica de rastreio de alto débito da Bioalvo – empresa biofarmacêutica – permitiu a identificação de um extracto natural obtido a partir de uma esponja (Erylus sp), encontrada a 40 metros de profundidade no Banco de Gorringe, com actividade no tratamento da malária cerebral e cancro. Trata-se de uma área do Oceano Atlântico situada de 120 milhas marítimas a oeste-sudoeste do Cabo de São Vicente que tem sido visitada por diversas vezes por investigadores portugueses.

No âmbito de uma colaboração com o Instituto Português de Malacologia (IPM), a Bioalvo analisou extractos naturais provenientes de várias criaturas marinhas típicas da costa portuguesa. A utilização da sua tecnologia GPS D2, nomeadamente a sua aplicação Blockade (uma das plataformas da tecnologia), permitiu a identificação de compostos com capacidade de inibir a enzima indolamina 2,3 desoxigenase (IDO).


A aplicação de rastreio de alto débito Blockade utiliza a versão humana do alvo IDO para efectuar o rastreio de compostos com potencial farmacêutico. Esta proteína tem um papel chave em várias doenças, entre a quais a malária cerebral e o cancro, pelo que o rastreio contra este alvo permite a identificação de compostos com efeito terapêutico no combate a estas relevantes doenças.

Banco de Gorringe
Segundo Luís Amado, Chief Business Development Officer da Bioalvo, “a tecnologia desenvolvida permite identificar compostos que possam ter uma actividade em certos alvos para determinar doenças adicionando uma proteína dentro de leveduras de maneira a que se constitua uma idêntica à que existe no corpo humano”.

O extracto de esponja encontrado contém compostos com capacidade moduladora da actividade de IDO, pelo que constitui uma valiosa fonte a partir da qual promissores candidatos para o tratamento de doenças como a malária cerebral e cancro poderão ser identificados.

“Verificamos que elementos da fauna costeira tinham um composto interessante e poderá vir a ser desenvolvidos num medicamento, mas haverá ainda um longo trabalho pela frente”, assinalou Luís Amado.

Tecnologia identificadora

Os resultados recentemente obtidos são o espelho do interesse desta colaboração nacional na qual o uso da tecnologia desenvolvida pela Bioalvo, em conjugação com os compostos naturais do IPM, permitiu a identificação de potenciais candidatos a novos medicamentos para tratamento de doenças ainda sem terapêutica adequada.

Luís Amado referiu que “os recentes resultados confirmam, mais uma vez, o valor desta tecnologia na identificação de potenciais soluções para o tratamento de doenças ainda sem qualquer terapêutica adequada e o robot, que trabalha 24 horas por dia, consegue ter um débito semelhante ao da identificação de compostos na fase inicial sem a adição de organismos vivos”.

Esta colaboração é mais um exemplo da capacidade da empresa farmacêutica para estabelecer parcerias com os grupos de investigação de qualidade existentes em Portugal, nomeadamente, “utilizando a sua valiosa plataforma tecnológica para potenciar os recursos naturais e as capacidades científicas nacionais através do desenvolvimento de novos medicamentos.”

Gonçalo Calado, biólogo marinho e presidente do IPM declarou que “o interesse pela descoberta de novos fármacos de origem marinha no nosso país está a dar, agora, o seu primeiro passo de gigante. Convictos de que a identificação de um bom mecanismo de defesa química, na natureza, vale muito mais do que começar do zero no laboratório, iniciámos, há cinco anos no IPM, um projecto de aquacultura de lesmas-do-mar com interesse farmacológico cujos ensinamentos possibilitaram a bioprospecção de espécies de outros grupos de invertebrados marinhos. Nesta parceria com a Bioalvo é agora possível dar o seguimento desejado a estas ideias”.

Informação retirada de: site

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